quarta-feira, dezembro 05, 2012

Slater - Noticias 205:Palhaços invadem a cidade maravilhosa

Palhaços invadem a cidade  maravilhosa

  

Rio - Não, ainda não é carnaval. Mas não estranhe se nesta quarta-feira, ao passar pelo Centro do Rio às 15h, um bloco de palhaços animados cruzar a Cinelândia até a Praça XV num desfile colorido e empolgado. Trata-se da já famosa Palhaceata, espécie de maratona do riso que sai arrastando para a algazarra quem tiver pela frente e, assim, inaugura oficialmente o 11º Encontro Internacional de Palhaços Anjos do Picadeiro, evento que toma conta da cidade até o próximo dia 9 em 12 espaços cariocas, reunindo mais de 90 palhaços do mundo todo.
O congresso de profissionais da pilheria, por assim dizer, tem um mestre de cerimônias. Trata-se do catalão Tortell Poltrona, um dos palhaços mais famosos - e atuantes - do mundo. É ele quem vai abrir oficialmente a noite desta quarta-feira com o espetáculo "Post classic", às 20h, no Teatro Nelson Rodrigues, número recheado de esquetes históricos feitos ao longo de 30 anos de carreira do bonachão espanhol.
Tortell é o nome artístico de Jaume Mateu Bullich, criador do famoso circo espanhol Circ Cric, em atividade na Catalunha, e da ONG Palhaços sem Fronteiras, fundada em 1998 com o intuito de divertir refugiados de guerra. Atualmente, os grupos de Palhaços sem Fronteiras se espalham por vários países, como Burkina Faso e Costa do Marfim, e Bullich corre o mundo interpretando seu alter ego.
- Eu dei um passo para ser palhaço, depois os passos me guiaram. Sou palhaço por convicção. Quero mudar o meu mundo. E somente viajando pela Terra para saber que o que se pode fazer de melhor é ser palhaço - diz Jaume (ou Tortell) em entrevista ao GLOBO. - Há 19 anos trabalhamos com crianças em situações de causas bélicas ou desastres naturais e esse é um projeto em que aprendemos mais do que damos. Utilizamos o palhaço para mudar a realidade e esse é um dos trabalhos mais difíceis que existem.
Tortell é um dos artistas pioneiros no que é chamada de "renovação do palhaço" - também batizado pelos franceses como "circo contemporâneo" - , movimento desencadeado na Europa no fim dos anos 1970 unindo as atividades circenses a outras áreas da cultura, como música, dança, teatro e artes visuais.
- O palhaço está em permanente inovação, ele é uma figura inovadora por natureza, mas depois de Franco (ditador espanhol que governou o país de 1939 a 1975), tínhamos que nos reinventar. Não existiam modelos para isso, precisávamos ser mais livres - lembra Tortell, que adotou o nome artístico nessa época. - Tortell é um pastel que se come de sobremesa em dia de festas populares nos finais de semana, e Poltrona porque é a cadeira dos políticos, e acredito que eles são a antítese dos palhaços.
Além do catalão, Anjos do Picadeiro conta com 25 atrações nacionais 12 e internacionais (de países como Argentina, Bélgica, Dinamarca e Reino Unido), com apresentações gratuitas e a preços populares (até R$ 20) em 12 teatros e praças, entre eles Praça Tiradentes, Praça XV, Rua do Mercado, Espaço Cultural Escola Sesc, Teatro Carlos Gomes, Teatro Nelson Rodrigues, Parque das Ruínas e Pavilhão Teatro Anônimo, sede da companhia na Fundição Progresso.
Entre os destaques, três artistas que rodam o mundo com seus solos: as espanholas Leticia Argentina Vetrano - que apresenta "Fuera!", com a palhaça solteirona Maria Peligro, no Carlos Gomes neste domingo -; e Marta Carbayo, que mora na Dinamarca e já colaborou com Palhaços sem Fronteiras e traz "Canta clown" para o Nelson Rodrigues no sábado; e a brasileira Angela de Castro, que há 15 anos se dedica ao exercício do clown em Londres e apresenta, pela primeira vez no Brasil, o aclamado espetáculo "The gift", nesta quinta-feira, às 22h, no Armazém Teatro, além de ministrar a oficina "Conserta cena - oficina para cenas de palhaço (com defeito de fabricação)".

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